Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

As Imagens da Minha Objectiva

As Imagens da Minha Objectiva

21 de Fevereiro, 2020

Um poema e uma fotografia - parte XI

Paulo Brites

DSC_10282-1-2.jpg


Reflexos

Vitimas aclamadas

de sensação lesadas:
Ah coitadas!
De carga emocional,
de pressão no alívio;
Que pena, isso estar contigo!

O espelho que reflete
não o reflexo
mas a dúvida da imagem refletida!
A negação na auto desculpabilização
da negação do nosso próprio reflexo.

Imaginação? Pois bem!
Talvez rejeição da aceitação
no desenvolver empatias para, perdoar
as emoções negativas a seu favor: frustração!

Ah se achasse uma lâmpada mágica
e pudesse fazer um pedido,
faria: retirar da face da terra o orgulho
da devoração da nossa alimentação,
no querer, ter sempre razão!

Odeia errar?
Preso nas suas convicções,
produzindo energia
que alimenta o orgulho
e, anula o comando.

Maravilhas do cérebro
com raiva de si mesmo;
Rigoroso, banal, montanhas em pequenos montes
sentenças sem julgamento.
A culpa fraca e perdedora,
sem prazer na vitória,
de choro fácil na ausência de análise
do reflexo, do nosso espelho!

O sentido da carência
do vazio do oceano seco
do sufoco do peito
da falta de humildade,
que transborda, a falta de carinhos
do vazio interior existente!

De buracos nos anseios
e diminuição completa;
Responsabilidades alheias
na total ausência do reflexo
do nosso espelho.
Tal qual, olhando
para um quadro de Picaso
e dizermos: mas eu não sou recto!

Vítima, culpa, orgulho, rejeição ou carência,
de sensação lesadas:
Ah coitadas!
De carga emocional,
de pressão no alívio;
Que pena, isso estar contigo!

 

Paulo Brites

 

05 de Fevereiro, 2020

Um poema e uma fotografia - parte X

Paulo Brites

DSC_10401-1-3.jpg

David Mourão-Ferreira, Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!