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As Imagens da Minha Objectiva

As Imagens da Minha Objectiva

26 de Junho, 2020

Uma fotografia, um poema, uma música - parte II

Paulo Brites

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Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
De rostos e serenos, de palavras soltas
Quero a rua toda parecendo louca
Com gente gritando e se abraçando ao sol

Hoje eu quero ver a bola da criança livre
Quero ver os sonhos todos nas janelas
Quero ver vocês andando por aí

Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
Eu até desculpo o que você falou
Quero ver meu coração no seu sorriso
E no olho da tarde a primeira luz

Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
Quero um carnaval no engarrafamento
E que dez mil estrelas vão riscando o céu
Buscando a sua casa no amanhecer

Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
Rasgar a noite escura como um lampião
Vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Quero que as buzinas toquem flauta doce
Que triunfe a força da imaginação

Eu vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Quero que as buzinas toquem flauta doce
E que triunfe a força
Da imaginação

Oswaldo Montenegro - Sem Mandamentos

 

https://www.youtube.com/watch?v=HfXHR99O7uU&list=PLjIGzyoBLp3My75CVhXyat2pqN8zz56_W&index=7 

 

25 de Junho, 2020

Uma fotografia, um poema, uma música - parte I

Paulo Brites

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Que no arranquen los coches,
que se detengan todas las factorías,
que la ciudad se llene de largas noches
y calles frías.

Que se enciendan las velas,
que se cierren los teatros y los hoteles,
que se queden dormidos los centinelas
en los cuarteles.

Que se mojen las balas,
que se borren las fotos de las revistas,
que se coman a besos a las colegialas
a los artistas.

Que se toque la gente,
que no lleguen los trenes a la frontera,
que sean cariñosas con los clientes
las camareras.

Porque voy a salir esta noche contigo
se quedarán sin beatas las catedrales
y seremos dos gatos al abrigo
de los portales.

Que se enfaden las flores,
que vuelven las cigüeñas al calendario,
que sufran por amores los dictadores
y los notarios.

Que se muera el olvido,
que se escondan las llaves de los juzgados,
que se acuerde Cupido de los maridos
abandonados.

Cuando llegue por fin mi mensaje
a tus manos, en la gasolinera
vieja esperaré;
y tomaremos juntos al abordaje
la carretera
que te conté.

Dejaremos colgada
la caprichosa luna sobre los cines
y las estatuas públicas derribadas
en los jardines.

Joaquín Sabina

 

Joaquín Sabina - Esta noche contigo

 

22 de Junho, 2020

Um poema e uma fotografia - parte XXI

Paulo Brites

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Botão que liga e desliga não é de certeza!
E se fosse? Que piada teria.

Quantas coisas cabem nas “coisas”
quantas duvidas elas produzem.
Coisas de pele, coisas de alma, coisas da capacidade
na incapacidade das coisas.

Quanto se perde, por não falar
o que temos para contar.
Tal como num observar do que se julga atrapalhar,
será um aprisionar ou libertar?

Dá medo, sim, quando os olhares se cruzam,
as bocas se tocam
numa sensação de choque
ao sentir o toque.

Os ecos covardes
da expectativa mágica de voar
com louca vontade de nos declarar,
sem do passado nos lembrar.

O amedrontamento é o medo
de uma responsabilidade emocional
que nada tem de racional
ao deixar de sentir o retorno esperado
do amar e ser amado

Diálogos, cumplicidades
sintonias, energias …
Na vontade da paixão
nesta aventura do coração
como um jogo egoísta
escondido na barreira,
entre o ir ou o deixar.

 

Paulo Brites

 

 

21 de Junho, 2020

Um poema e uma fotografia - parte XX

Paulo Brites

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Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

 

Miguel Torga

 

 

18 de Junho, 2020

Um poema e uma fotografia - parte XIX

Paulo Brites

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Viajar …
andar de baixo da chuva
parar na berma da estrada para dançar,
comer batata frita sem culpa
uma espetada de lesma
caminhar sem rumo
sem medo do escorpião
conduzir à esquerda,
andar de balão.

O novo, o inusitado, o diferente,
o olhar por outros ângulos
o sair da rotina
quebrar o paradigma
derrubar preconceitos
mergulhar, em novos feitos.

É viver outros horários
sentir outros cheiros.

Mesmo que juntos, trilhando a mesma calçada
admirando a mesma montanha
mergulhando na mesma praia,
com as nossas perceções nos falsos olhares
faz com que cada um de nós, as tornem, singulares!

Para uns, uma montanha,
para outros, apenas um monte,
ainda para outros uma subida ingreme.
Quando afinal é somente uma alucinação
num mar calmo e conhecido
que com a nossa ilusão,
nos afasta da razão.

Uma gota no oceano, sem pudores,
há uma renovação.
A distância não importa
ninguém volta igual, no seu coração.

 

Paulo Brites

 

 

 

16 de Junho, 2020

Um poema e uma fotografia - parte XVIII

Paulo Brites

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Chuva sem nuvens
tornado sem ventos
batalha sem guerra,
tal qual um destino falso
no acaso do momento.

A infelicidade a teus pés
com a forma de agir no que tropeças,
o erro do observar
ao cair do luar.

Sem tribulações,
na história do conhecimento
com um caminho limpo
que caí no esquecimento;

Direções, divagações, emoções …
sem apego a bens materiais,
somente o cativar,
com ausência de roubar.

Padrões esquecidos,
tempos difíceis,
no engolir do acaso
na honestidade do conhecimento
sem razão, no pensamento.

 

Paulo Brites