Para muitos, o dia 1 de Janeiro, é o dia para definir novos planos, novas esperanças e novos objetivos. Bem, eu sou sempre diferente dos outros. Para mim, o dia de hoje, 27 de Dezembro, é o dia para dar início a um novo ano.
É o dia em que já esgotei 3 das minhas 7 vidas. Quem me conhece bem, sabe os meus “karmas” com os dias 27 de Dezembro. Sim é verdade! Já gastei 3 vidas em dias 27 de Dezembro! 1980, 1990 e 2002. Mas como qualquer gato, ainda me restam mais 4!
Pessoalmente, penso que, para definir mudanças e analisar o que somos e o que temos, não será necessário chegar a um qualquer dia de calendário. Mas verdade, o final de ano, é sempre uma boa altura para criação de analogias e metáforas a respeito de “recomeçar”. Como todas as mudanças, elas começam essencialmente em nós e, diante dessa oportunidade de mudança em nós próprios, originam-se, sem dúvida, algumas reflexões. Entre elas, está sempre, a tradicional: Veja-se como foi o ano que está a ficar para trás e pense-se como se quer o próximo, como tal mude! Troque! Recomece!
De “recomeço” em “recomeço”, temos criado uma ambição desenfreada de viver sempre uma nova história. De procurar por novas pessoas, frequentar novos lugares, criar novos objetivos profissionais. Sem notar, contudo, que viver todos esses anseios, sem ter lucidez nas nossas escolhas, não nos trará exatamente o ganho que se procura. Por isso, a pergunta que deveria caber a todos e, a cada um de nós, antes de qualquer cogitação de recomeço, é: O que é que exatamente se quer e procura?
… bem acima de tudo e para não matarmos a possibilidade real de transformação que se pretende, será muito importante, aproveitar o que de bom nos aconteceu nos últimos tempos. Que muitas vezes, não temos a capacidade de perceber tais acontecimentos. Portanto, o grande início desse recomeço, não será, recomeçar e dar a devida importância ao que temos?
Acho que sim! Acho que para além de novos objetivos, de novas metas, será muito importante rever se o que temos é por enquanto, só metade do que se queria. Se assim o é, será sempre por ai o ponto de partida para definir os nossos objetivos para o próximo ano. Porque, se já ou ainda, só temos metade, então que se lute e, se dê prioridade, para se conseguir, ter tudo!
Todavia... recomeçar, é mais do que unicamente superar o que deu errado. É antes, modificar o jeito, o trajeto, a fala, a forma, a maneira. É assumir! É ter ações que façam a diferença!
Como dizia Miguel Torga:
“Recomeça...
se puderes
sem angústia
e sem pressa.
E os passos que deres,
nesse caminho duro
do futuro
dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
o logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
onde, com lucidez, te reconheças...”
Sim! Não vou querer só metade do que consegui! Vou continuar a ter ilusões! Definir como meta, as metades que me faltam! E, somente depois disso, se não as conseguir atingir, farei um novo recomeço! Só assim faz sentido …
Para mim, começa hoje dia 27! Para vocês, começa no 1º de Janeiro. Seja como for, feliz ano novo a todos!