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As Imagens da Minha Objectiva

As Imagens da Minha Objectiva

30 de Abril, 2021

Silêncio por favor! Para se ouvir a música mais romântica feita em Portugal!

Paulo Brites

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Paco Bandeira - A Minha Quinta Sinfonia

 

Quando me lembro quem eras
desse corpo que foi nosso
desse amor que não deu certo,
era o tempo das quimeras
das palavras em silêncio
quando o mais longe era perto,
tinhas nos olhos a esperança
os desejos de aventura
as ilusões que eram minhas,
nos momentos de ternura
tinhas nos seios a graça
das primaveras que tinhas,
e foste a música que em mim ficou
quando a distância nos fez separar.
Ando louco para te encontrar.

Foste a quinta sinfonia
fuga da nossa verdade
sonata tocada em mim,
foste o meu sol afinado
neste samba de saudade
Vinícius, Nara e Jobim,
foste verso de balada
foste pintura abstrata
meu bolero de Ravel,
foste música sonhada
numa canção de Sinatra
com um poema de Brel,
e foste a música que em mim ficou
quando a distância nos fez separar.
Ando louco para te encontrar.

Foste estrela de cinema
minha dama de Xangai
Hiroxima meu amor,
a minha grande ilusão
eras fúria de viver
quanto mais quente melhor,
grande amor da minha vida
senso, silêncio, paixão
Buñuel, Fellini, Troffaut,
foste luzes da ribalta
música no coração
e tudo o vento levou,
e és ainda o que me faz sentir
dentro da vida p'ra te cantar.
Ando louco para te encontrar.

Para te encontrar....

Paco Bandeira

 

25 de Abril, 2021

Uma efeméride de Abril em 2021, um poema e uma música - Carlos Tê/Rui Veloso

Paulo Brites

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Carlos Tê/Rui Veloso - BRILHO DENTAL

Olá tu que me sorris
Diz-me quem é o teu dentista
Eu nunca vi sorriso assim
Nunca vi sorriso assim
Nem em capa de revista

O teu brilho dental
Não é coisa de amador
É brilho profissional
É brilho profissional
Em busca dum projector

Mas no fundo tens razão
Temos que estar preparados
Em qualquer ocasião
Podemos ser convocados

Para ir à televisão
Dar uma opinião
Ou a demonstrar um talento
Para ir à televisão
Fazer opinião
E ter o nosso momento

Povo que lavas no rio
Horas e horas a fio
Povo que lavas no rio
Horas e horas a fio
Sempre a rir e a chorar

Agarrado ao sabão
Sempre a rir e a chorar
Agarrado ao sabão
Pode a alma enferrujar
Mas o teu sorriso não

Tu cantas e danças mal
Não tens voz de rouxinol
Mas tens um brilho dental
Tens um brilho dental
Tomara o Carlos Gardol

Mas no fundo tens razão
Só assim se ganha o mundo
E se vai ao coração
Se vai ao coração
Do Portugal profundo

E por isso tens razão
Temos que estar preparados
Em qualquer ocasião
Podemos ser convocados

Para ir à televisão
Dar uma opinião
Ou demonstrar um talento
Para ir à televisão
Fazer opinião
E ter o nosso momento

Povo que lavas no rio
Horas e horas a fio
Povo que lavas no rio
Horas e horas a fio
Sempre a rir e a chorar

Agarrado ao sabão
Sempre a rir e a chorar
Agarrado ao sabão
Pode a alma enferrujar
Mas o teu sorriso não

Povo que lavas no rio
Horas e horas a fio
Povo que lavas no rio
Horas e horas a fio
Sempre a rir e a chorar

Agarrado ao sabão
Sempre a rir e a chorar
Agarrado ao sabão
Pode a alma enferrujar
Mas o teu sorriso não


Carlos Tê/Rui Veloso

 

 

23 de Abril, 2021

Um poema e uma fotografia - parte LXIII - Francisco Rodríguez González

Paulo Brites

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Arrastrando llevan los bueyes,
las carretas de la Divina Pastora,

entre palmas y cantos le rezan
a la madre y señora,

para llevarla a la ermita
donde se agolpa el gentío,

y poder bajarla a hombros
a la Virgen del Rocío,

¡Cuántas gentes te veneran!
viniendo a pedir promesa,

Todo el que te necessita
Bajo tu manto te reza.,

Te pido que me concedas
poder vivir otro año,

Para recorrer el camino,
entre las arenas descalzo.

Francisco Rodríguez González

 

21 de Abril, 2021

Um poema e uma fotografia - parte LXII - Tomas Nunes Pessoa dos Santos

Paulo Brites

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O dia começa quando abrem as livrarias.
Há homens que entendem de livros e varandas
onde visitam os pombos,
mas que perdem a vida a escrever a morte.
Há homens que se lavam diariamente com poemas
enquanto passam as mãos pelo cabelo.
E é muitas vezes um jogo de espelhos.

Há homens que fecham os livros com os dedos
amarelos do tabaco, que foi tudo o que conseguiram obter.
O destino da livraria é este mundo pequeno
que se segura numa imagem e escoa as palavras
para longe do local onde limpam os pés.

Mas há homens que chegam a casa
e plantam versos
para jorrar à sua porta.

 

Tomas Nunes Pessoa dos Santos

 

 

 

15 de Abril, 2021

Um poema e uma fotografia - parte LXI - João Monge

Paulo Brites

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SE EU FOSSE DEUS

Se eu fosse deus
criava um deus que falhasse,
um tipo de óculos como eu
em quem eu acreditasse
sem ter de cruzar os dedos.
Alguém que fosse reflexo
do que o meu peito espelhasse
na montra dos meus segredos

se eu fosse deus
duvidava mais de mim.
Punha um panamá e uns calções
e vagueava no jardim
onde vagueiam multidões
escutava o que diziam
com tremoços e balões
o que o filho diz à mãe
o que a mãe lhe diz por fim…
e quando não se entendiam
duvidava mais de mim

se eu fosse deus
nunca teria criado o bicho da maçã
mantinha o pecado intacto
para contrastar o facto
com o raiar da manhã.

Mas isto sou eu a pensar…

No que faria em seu lugar.

João Monge

 

 

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