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As Imagens da Minha Objectiva

As Imagens da Minha Objectiva

28 de Fevereiro, 2022

Após 6 anos o blog “As imagens da minha objectiva” mudou!

Paulo Brites

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Após 6 anos o blog “As imagens da minha objectiva” mudou! Um forte abraço à equipa do sapoblogs e em especial ao Pedro. Nada contra a esta excelente equipa, somente a vida não para … A escolha por outro alojamento é somente uma questão de harmonização e organização dos meus blogs.

A partir de hoje, quem me acompanha poderá faze-lo no nosso endereço do blog:

 

https://paulobritesfotografia.blogspot.com/ 

Um obrigado a todos

 

 

09 de Fevereiro, 2022

O lado de fora da Igreja

Paulo Brites

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Quem me conhece bem sabe que sou ateu, sabe que sou agnóstico. Mas também sabe que a minha crença e fé ou a ausência dela, nada e em momento algum, colide ou colidiu, com quem a tem. Respeito-a!

Ao longo da minha vida, já tive o prazer de visitar inúmeros templos de todas as religiões. Claro, sempre com respeito e admiração de quem, por opção e fé, os visita como templo de oração. Se têm fé, deverão pratica-la! Quem não tem, como é o meu caso, só tenho que respeitar da mesma forma que espero, ser respeitado.

Mas estava eu a dizer, que ao longo da minha vida já visitei inúmeros templos religiosos. Não vou fazer nenhuma lista, primeiro porque não interessa, segundo, porque será maçador estar agora a publicar uma lista de templos religiosos e, terceiro, é um assunto pessoal.

Embora ateu, nasci e cresci numa sociedade e família crente à Igreja Católica, bem como, sou descendente de um bispo dessa igreja. O meu tetra-avô paterno era padre. Mas isso não faz de mim crente. De entre os muitos templos religiosos, tive o prazer de durante 45 minutos, ser acompanhado pelo padre Francisco, como guia, na igreja de São Pedro, no Vaticano. Coisas da vida… Um dia relato o acontecimento e, claro, acompanho com uma partilha fotográfica que o prova.

No entanto, o templo religioso mais bonito e onde senti maior conexão pessoal e espiritual, foi este que está na fotografia. Não direi onde é! Quem o conhece saberá de certeza onde fica. Mas é, e foi, o mais bonito templo religioso da época moderna que conheci. É no Alentejo. No Alentejo interior e profundo. É verdade, o Alentejo tem “coisas maravilhosas” … que bonita igreja esta! Que bem tratada que está. Tão bom conhecê-la! Tão bem que fui recebido, mesmo depois de uma breve conversa em que confessei ser ateu. É a igreja mais bonita do mundo! Obrigado pela receção que tive.

Tudo isso me fez lembrar de um poema da Marília L. Paixão, o lado de fora da Igreja.

Linda por fora
Linda em imenso
Mas eu gosto da igreja
Vazia por dentro

A igreja cheia de gente
Não me faz muito contente
Do lado de fora
Há mais harmonia
Entre eu, Deus e a alegria

Mas eu gosto da igreja por dentro
Quando ela está vazia
Que linda é a igreja toda silenciosa
Parece que só os santos fazem prosas
Ninguém ora
Ninguém chora

A igreja vazia dá-me mais vontade de conhecê-la
A igreja cheia parece não precisar de mim para nada
Sinto-me sem ar, sem lugar, um peixe fora d’água
Mas do lado de fora da igreja acho que ela é muito sagrada.
Merece ser amada

Eu gosto de tê-la
Gosto de vê-la
Queria escrever para ela
Olho-a com muito respeito
Acredito num deus verdadeiro

Como é linda a igreja vista assim
Do lado de fora
Sem medo.
Do lado de dentro
Me perco.
Parece que Deus vive mais fora que dentro
Este é o Deus que vive me vendo.

Marília L. Paixão

 

 

05 de Fevereiro, 2022

A Pele Que Há Em Mim

Paulo Brites

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Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu

E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo no meu
Uma trança arrancou
E o sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu

Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada

Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu
O caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou

Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei
Pra lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
Pra voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber

Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada
O meu barco vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz
Quando enfim se cala

Marcia / J.P. Simoes

 

Márcia com JP Simões - A PELE QUE HÁ EM MIM

 

 

 

05 de Fevereiro, 2022

Os ecos covardes

Paulo Brites

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Botão que liga e desliga não é de certeza!
E se fosse? Que piada teria.

Quantas coisas cabem nas “coisas”
quantas duvidas elas produzem.
Coisas de pele, coisas de alma, coisas da capacidade
na incapacidade das coisas.

Quanto se perde por não falar
o que temos para contar.
Tal como num observar do que se julga atrapalhar
será um aprisionar ou libertar?

Dá medo sim, quando os olhares se cruzam
as bocas se tocam
numa sensação de choque
ao sentir o toque.

Os ecos covardes
da expectativa mágica de voar
com louca vontade de nos declarar
sem do passado nos lembrar.

O amedrontamento é o medo
de uma responsabilidade emocional
que nada tem de racional
ao deixar de sentir o retorno esperado
do amar e ser amado.

Diálogos, cumplicidades
sintonias, energias …
na vontade da paixão
nesta aventura do coração
como um jogo egoísta
escondido na barreira
entre o ir ou o deixar.

Paulo Brites

 

 

02 de Fevereiro, 2022

Ilumina-me

Paulo Brites

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Gosto de ti como quem gosta do sábado
Gosto de ti como quem abraça o fogo
Gosto de ti como quem vence o espaço
Como quem abre o regaço
Como quem salta o vazio

Um barco aporta no rio
Um homem morre no esforço
Sete colinas no dorso
E uma cidade pra mim

Gosto de ti como quem mata o degredo
Gosto de ti como quem finta o futuro
Gosto de ti como quem diz não ter medo
Como quem mente em segredo
Como quem baila na estrada

Vestido feito de nada
As mãos fartas do corpo
Um beijo louco no porto
E uma cidade pra ti

E enquanto não há amanhã
Ilumina-me

Gosto de ti como uma estrela no dia
Gosto de ti quando uma nuvem começa
Gosto de ti quando o teu corpo pedia
Quando nas mãos me ardia
Como silêncio na guerra

Beijos de luz e de terra
E num passado imperfeito
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós

E enquanto não há amanhã
Ilumina-me
Ilumina-me

Pedro Abrunhosa

 

Pedro Abrunhosa - DVD Coliseu 2011 - "Ilumina-me"