25 de Julho, 2020
Um poema e uma fotografia - parte XXII
Paulo Brites
O dia começa quando abrem as livrarias.
Há homens que entendem de livros e varandas
onde visitam os pombos,
mas que perdem a vida a escrever a morte.
Há homens que se lavam diariamente com poemas
enquanto passam as mãos pelo cabelo.
E é muitas vezes um jogo de espelhos.
Há homens que fecham os livros com os dedos
amarelos do tabaco, que foi tudo o que conseguiram obter.
O destino da livraria é este mundo pequeno
que se segura numa imagem e escoa as palavras
para longe do local onde limpam os pés.
Mas há homens que chegam a casa
e plantam versos
para jorrar à sua porta.
Tomas Nunes Pessoa dos Santos